quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A influência dos jogos eletrônicos nas crianças





O universo dos jogos eletrônicos mexe com o imaginário de milhares de crianças
Não importa se é dia ou noite, o tempo passa e eles nem percebem. A adrenalina é mais forte que o cansaço físico. “Só mais uma, só mais uma”, eles prometem a si próprios e assim imergem em um universo tridimensional onde quase tudo é possível. A diversão, por excelência, dos filhos do século XXI é mesmo o videogame. Os personagens imaginários invadiram as casas de meninos e meninas dotados de seus “plays”, para desgosto dos pais, e é difícil colocá-los para fora. Então, como não é possível vencê-los,resta juntar-se a eles, ou melhor, tornar os games um aliado no crescimento dos filhos e não o vilão de uma geração.
Pesquisadores de diversas áreas se dedicam na atualidade a investigar os resultados da experiência de jogar videogame pela crianças. Ao lado de teses fatalistas e preconceituosas que colocam os games como um fator de emburrecimento, surgem visões bem mais otimistas sobre o tema. Em Fortaleza, a terapeuta ocupacional Marilene Munguba constatou que os pequenos aficionados pelos jogos desenvolvem habilidades de aprendizado interessantes.
Acompanhando o dia-a-dia de meninos e meninas de classes sociais diferentes nas locadoras de videogame – na época da pesquisa, 2000, as lan houses não eram tão populares – ela pôde perceber que a principal característica despertada pelo ato de jogar é a capacidade de aprender através da vivência com o jogo. Em vez de ler manuais ou instruções, os “game boys” aprendem as regras do jogo da melhor maneira, jogando. “Eles desenvolvem uma meta cognição, é o aprender, aprendendo. Se ele perde o jogo, ele já sabe como errou e, da próxima vez, não cometerá mais o mesmo erro”, observa a professora.
Além do domínio da linguagem do game, os jovens apreendem outros conhecimentos também. Ícaro Vinícius Melo da Silva, de 13 anos, aprendeu mais inglês com os jogos de videogame do que em sala de aula. Como as informações sobre muitos jogos são na língua inglesa ele se viu interessado em aprender mais o idioma e o resultado foram notas melhores no colégio. O poder de concentração é outro estímulo gerado pelos games. Como explica Marilene Mumguba, há crianças que ficam mais atentas em sala de aula, graças à atenção exigida pelos jogos.
Que o diga Ícaro, tão absorto nos mundos imaginários gerados pelo seu “playstation 2”, que ignora a presença de qualquer pessoa, a não ser que seja um adversário, é claro. Em sala de aula, a atitude é a mesma, olho fixo na professora e ouvido atento nas explicações, a atenção é quase 100%, porque ninguém é perfeito! Mas para que o menino atinja esse nível de imersão, ele precisa se dedicar a horas de game e é aí que mora o problema. Até uma hora de jogo é estimulante, depois, a atividade pode começar a ser prejudicial. Além dos danos físicos, como postura, olhos ressecados e dor de cabeça, as cinco ou mais horas dedicadas à experiência podem conduzir à obesidade infantil.
Biscoitos e outros produtos industrializados e recheados de calorias podem ser consumidos simultaneamente a uma partida emocionante. É nessa hora que deve entrar em cena os personagens mais difíceis de vencer: os pais. A orientação e a conversa são as principais armas de pais e mães para combater o vício dos games. “O vício se cria quando a família está ausente. Quando a criança se nega a falar com os pais é porque eles estão falando uma outra linguagem que não é mais a da criança”, observa a professora. A linguagem da geração Internet, videogame, câmera digital e celular é completamente diferente dos filhos da televisão ou de pessoas acostumadas com outros paradigmas sociais e tecnológicos. A presença dos PCs no cotidiano de crianças e adolescentes e a expansão das lan houses proporcionam a esse público uma nova forma de sociabilidade. Os jogos em rede levam os players a se relacionar com centenas e até milhares de pessoas de diversas partes do mundo. “O novo paradigma de relações sociais não é mais presencial. Os jovens se relacionam com muito mais gente, só que virtualmente”, destaca Marilene Munguba. Além da interação virtual, os jogos se tornam fator de identificação no mundo social. Na escola em Ícaro Vinícius, o grupo que troca estratégias de jogos já soma para mais de 40 pessoas. Para que todas essas potencialidades dos games possam ser trabalhadas é preciso orientação. Uma hora de jogo, intercalada com outras atividades lúdicas e educativas é suficiente para estimular a aprendizagem, motivação e atenção dos jogadores, que precisam, sobretudo, da família para guia-los nessa aventura ou eles podem se perder para sempre nas interfaces digitais. É preciso saber a hora de dizer: game over!
http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com/2007/09/09/a-influencia-dos-jogos-eletronicos-nas-criancas/

Um comentário:

  1. Cara Silvinha,
    Ao acessar o seu blog me deparei com uma surpresa agradável - identifiquei uma companheira de pesquisa. Gostaria de "trocar figurinhas" com você.
    Meus E-mails: marilenemunguba@unifor.br
    marilenemunguba@yahoo.com.br
    Um abraço carinhoso,
    Marilene Munguba.

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